Carta ao roteirista
Eu costumo pensar na minha vida como um roteiro de filme. E desconfio que existem vários co-roteiristas que nem sempre estão de acordo comigo. Para não dizer nunca. Embora eu tenha convicção de que sou muito mais talentosa e que a vida que eu criei no além-tela é muito mais interessante do que a real (cheia de intervenções inesperadas). Lá ninguém perde o ônibus se não for para conhecer o amor de sua vida por causa disso. E nunca, nunca mesmo, se acorda doente no dia de um encontro promissor.
Esses co-roteiristas insistem no mau gosto dos acasos estúpidos, têm uma queda pela nouvelle vague e usam sempre aquele tom irritante e irônico nos diálogos. Eles acham fantástica a cena de A Rosa Púrpura do Cairo em que Mia Farrel tem que escolher entre uma vida perfeita dentro de um filme e a real. Eu odeio a personagem da Mia Farrel (ou tenho pena?) por ter escolhido a realidade. Mas não o suficiente para dizer "bem feito" quando o galã a deixa esperando com a mala nas mãos. É o que se deve esperar quando se escolhe a vida real que, como eu ia dizendo, é escrita por mãos sem talento.
A prova disso é que se fosse na vida real Audrey Hepburn jamais encontraria o gato como no final de Bonequinha de Luxo. Veja, ela abre a porta do táxi, larga o gato na chuva, no centro de Nova Iorque e depois de algumas quadras, quando volta para procurá-lo, ouve seu miado num beco. Eu lhes pergunto, co-roteiristas: por que não se render ao final romântico ao invés de se ater nesses pormenores inúteis da realidade?
E como resposta àqueles que dizem indignados:
Esses co-roteiristas insistem no mau gosto dos acasos estúpidos, têm uma queda pela nouvelle vague e usam sempre aquele tom irritante e irônico nos diálogos. Eles acham fantástica a cena de A Rosa Púrpura do Cairo em que Mia Farrel tem que escolher entre uma vida perfeita dentro de um filme e a real. Eu odeio a personagem da Mia Farrel (ou tenho pena?) por ter escolhido a realidade. Mas não o suficiente para dizer "bem feito" quando o galã a deixa esperando com a mala nas mãos. É o que se deve esperar quando se escolhe a vida real que, como eu ia dizendo, é escrita por mãos sem talento.
A prova disso é que se fosse na vida real Audrey Hepburn jamais encontraria o gato como no final de Bonequinha de Luxo. Veja, ela abre a porta do táxi, larga o gato na chuva, no centro de Nova Iorque e depois de algumas quadras, quando volta para procurá-lo, ouve seu miado num beco. Eu lhes pergunto, co-roteiristas: por que não se render ao final romântico ao invés de se ater nesses pormenores inúteis da realidade?
E como resposta àqueles que dizem indignados:
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_ Perder o ônibus e encontrar a alma gêmea? Só em filme mesmo!
_ Perder o ônibus, voltar pra casa e ganhar uma advertência no trabalho? Só na vida mesmo! - suspirou Daniela, resignada.
2 comentários:
comentário nada a ver com o titulo... Ninguem escolha para presentear a proprietária deste blog os itens 14 e 15. Foi uma promessa que fiz e irei cumpri-la, algum dia...
:)
Deixo aqui avisado por serem presentes comuns de serem dados e fica chato dar presentes repetidos.
A greve dos roteiristas de Hollywood tem tudo a ver com esses acasos desagradáveis da vida. Assim como noz moscada.
Anime-se, é praticamente Natal. (:
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