quarta-feira, 31 de outubro de 2007

História Edificante


Era uma vez duas pulguinhas que passaram a vida inteira economizando e compraram um cachorro só para elas.
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Mário Quintana

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Terça: Chuva e Trovoada, Máx 21ºC Mín 16ºC

... 50%
E nada no Weather Channel ontem me convencia de que essa semana poderia ser muito promissora. Não que eu não goste de uma chuva e trovoada, até gosto muito, mas em ocasiões específicas como: a) sábado, 17h – voltando da praia; b) dia da semana qualquer de folga + preguiça + sessão da tarde; c) domingo, 01h – insônia. Já em dias de melancolia certa, não é bem vinda esta notícia. Um sol garantiria, ao menos, a frase “que dia lindo!” – o que só pela sua sonoridade já dá um bem estar danado!

Eu não estava lá, mas vi logo no primeiro raiar do dia que o Weather Channel errou. A manhã já começou linda e eu tinha no que pensar durante boa parte do meu tempo. Tenho a vaga... não, eu tenho a nítida impressão de que todas as previsões se enganam. Talvez tenha sido uma da poucas certezas que já tive. Justo eu, que pensava ter tudo meticulosamente traçado nas minhas diversas listas anotadas nesses cadernos espalhados por aqui.

Hoje eu começo a mudar o tom. Abandonar a sensação de segurança do planejado e admitir de uma vez que ninguém sabe de nada nessa vida. E também aprendi a usar a ferramenta do gmail que edita as fontes. Posso dizer que o que faço hoje é para o meu bem amanhã, mas sem nenhuma convicção. Hoje mesmo, a previsão do tempo falhou. E amanhã? Será a minha?

As previsões são perigosas. A atração de acreditar em todas aquelas conquistas maravilhosas que a cartomante viu no tarô. Daí eu quero ver (!) se a lembrança daquelas palavras tão convenientes vai atenuar o choque de estar diante do inesperado. Por mais que o conforto de pensar no futuro como resultado do que fazemos agora – e claro, os resultados que você espera – seja tão bom... Deus, e se nada disso acontecer? O que é que sobra?

_ Não sobra nem a alma, disse Mário Quintana.

Ao menos temos a escolha de aceitar que vivemos em um mundo cheio de contradições, onde a certeza sobre algo futuro é (e aceite isso) uma impossibilidade. Esqueça intuição, livro de auto ajuda, ideologia milagrosa, guia espiritual ou sistema político. Nenhum deles vai mudar isso. Para provar a estupidez de qualquer certeza, antes mesmo de terminar este texto já estou arrependida pelo verbo imperativo. Desconsidere-os. Melhor seguir apenas este: Ignore todas as afirmações, principalmente as minhas. Pois amanhã você pode acordar no meio de uma chuva e de uma trovoada e a temperatura pode variar entre os 16 e 21 graus. Aí, meu bem, eu estarei errada.

Passo a bola


de Manuel Puig.

Este é o livro que estava mais próximo (bem mais próximo - a 15 cm da minha mão direita) e, de acordo com a missão que Sr. Bezzi me designou, escrevo aqui a 5ª frase da página 161.


"Seria ótimo a gente entrar para direito, o Charrua vai para a faculdade, fode com uma pinta bárbara, eu dou um nó em triângulo formidável, o que me dá no saco são as gravatas do meu irmão onde tenho que dar o nó a puta da gravata está cheia de gordura, cobrir a gordura desse puto nó eu tenho que dar com a ponta larga da gravata, fica um nó formidável de triângulo mas grosso como a puta que o pariu, e porra para meu irmão o infeliz de merda, será que ele não pode me dar uma gravata mais nova?"

Esse trecho é o responsável por aumentar o meu repertório de palavrão em 50%
Logo, meus indicados para a seguinte tarefa:


1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abrir na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.
São:

- Aline Wernke, de Dislexia Verbal;
- Gabriela Beckert, de Bee Bee Sheep;
- Gilberto Mendes, de Nel Mezzo Del Cammim;
- Jefferson Emmerich, de Grand Prix;
- Ricardo Aoki, de Soco na Costela.

sábado, 27 de outubro de 2007

Vidas Enquadradas II


por Gilberto Avelino Mendes

A cadeia é silenciosa a partir de algumas horas da noite, e este silencio é ainda mais angustiante que a algazarra e os alvoroços do dia. A cadeia dói na alma dos presos, durante o dia, mas dói muito mais durante a noite, quando os pensamentos dos internos se elevam para deuses surdos, quando seus olhos se voltam para horizontes limitados, quando seus ouvidos escutam apenas o som de suas próprias lástimas.

Estou atento em meu posto, nestes instantes. Sou um dos atalaias que vigiam, que tenta filtrar deste silêncio os sons que denunciam os maus pensamentos. Sou feito para que seus deuses continuem surdos, para que seus horizontes continuem ainda mais limitados e, se der, que as lástimas sejam atenuadas ou substituídas. As novas lágrimas parecem ser menos sofridas que as antigas.

Na cadeia, tudo é quadrado. Prédios quadrados, janelas absolutamente quadradas, vidas enquadradas, sentimentos quadrados, se é que me entendem? Num desses eqüiláteros, um homem fuma seu cigarro demoradamente, absorto no tempo, o tempo esquecido dele. Em um outro, um jovem (juventude perdida!) grita uma blasfêmia qualquer, o eco parece devolver o xingamento – Deus! Nem mesmo os ecos respeitam essa gente! Um estuprador derrama uma lágrima, depois da milionésima, na cadeia, eles são santos e castos. Em outro enquadramento, o homicida arrota sua arrogância, num reino que cultua a violência eles são reis.

Em outro quadro, alguém deles assovia uma triste canção. Parece querer que o som espante sua tristeza. A infelicidade é feita de silêncio, a alegria necessita de som para sobreviver. Aparências, nada mais que aparências, elas são necessárias na cadeia, sobre elas estão as bases desta consciência enclausurada.


Um espelho salta para fora de uma janela e busca a mim em seu reflexo. O reflexo me vê, atento, vigilante. O espelho se vai, frustrado, recolhendo-se para uma outra oportunidade.
Não será ainda desta vez, eu penso!
Não será ainda desta vez, eles pensam!
E a vida de todos nós continuará enquadrada por mais algum tempo!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

TOP 5



Que elas são um perigo todo mundo sabe. Nos dias melancólicos então, nem se fala. Os efeitos colaterais é que deveriam vir muito bem explicados no verso do álbum (ou num arquivo anexo ao mp3). Já dizia Rob Fleming que os pais deveriam se preocupar mais com a influência das músicas tristes do que com os videogames violentos. Concordo. A minha Top 5 para as músicas que oferecem mais risco - as mais tristes do mundo, ou da minha playlist.

1. Asleep - The Smiths

2. Gorecki - Lamb

3. Elephant - Damien Rice

4. Via Lactea - Legião Urbana

5. Fix You - Coldplay

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

sábado, 13 de outubro de 2007

Sabe aquela sensação ufa! do dia 31 de dezembro?
Começar tudo de novo, dar uma refrescada nas idéias e nos planos.
Acho que essa é a necessidade de repaginar tudo.
Cabelo, endereço, playlist, blog...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Das perguntas sem respostas


"Tu estás vivo... E basta! A única morte possível é não ter nascido".
Mário Quintana


Um dia resolvi descrer da morte. Faz tempo. Simples assim, como uma maneira de afastá-la. Não é o que se faz com tudo aquilo que não compreendemos?

E, se a morte é tão natural quanto a própria vida, não entendo essa estranheza e a sempre infeliz surpresa: "Morreu? Como? Meu Deus, falei com ele ainda ontem..."

A simples fatalidade deveria ser suficiente. Pois, quando o céu escurece e sabemos que vai chover: chove. Fim. Ninguém se pergunta para onde vai aquela gotinha que caiu lá de cima e some na terra. Só existe a resignada certeza que ela vai cair.

Realmente é melhor descrer completamente nisso tudo, antes de sofrer a pretensão de tentar entender/aceitar. Dá medo. Essas coroas de flores e frases de saudade seriam aranhas carnívoras? Parecia. Se é fim, meio ou recomeço. Tem algum sentido? - ou não. Será que tem lágrima? Riso? Sono? Desaparecem? Eternizam?

Depois de tudo isso, a pergunta mais sincera saiu de uma pequena boca de quatro anos de idade:


_ Por que?