quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Sobre pactos de sinceridade e seus métodos


Depois do quinto copo de cerveja, ele resolveu não mais pensar no assunto. O assunto era a bebida, e não a vida (como prega a filosofia botequística). Pensar um tema tão fortuito, fazia-o se sentir ainda mais pequeno e perdido no mundo. As frases se misturavam.

_ Para os celtas, a cerveja era considerada o pão da alma.
_ Deve ser mesmo. Desde caí no bar uma vez por dia, minha silhueta sumiu. Muito carboidrato líquido.
_ A cerveja é a bebida da sinceridade, isso sim.
_ Não, não! Melhor. A cerveja é o elixir da verdade.


E ele só observava. Não queria pensar nisso. Ouvia histórias de vidas inteiras que se transformavam depois de uma rodada generosa de cerveja.

_ A cerveja é um ritual de passagem da adolescência para a vida adulta.
_ Eu não lembro quando comecei a gostar. De repente nem é mais amargo.


Um fim de semana qualquer (alguns antes de estar na mesa do bar, agora) ele se surpreendeu com o que ouvia saindo da própria boca. Na falha da peça encefálica que censura o que dizer, ele ouvia o que realmente pensava. O susto de saber o que se pensa é maior do que qualquer embriaguez.

_ A bêbado de cerveja é mais ruidoso, li isso em algum livro do Milan Kundera.
_ Prefiro a embriaguez do vinho, é erótica.


Ele pensava nos filmes de Hollywood em que todo mundo casa bêbado em Las Vegas. Não deveria ser culpa da cerveja.

_ Só falo se você prometer que terá amnésia etílica amanhã.
_ Diga o que quiseres.


Depois do quinto copo de cerveja, ele resolveu parar de contar.

6 comentários:

Aline Wernke disse...

Eu já parei de contar e já parei de tentar deixar de ser bêbada. Que venha mais uma cambada junto comigo.

Unknown disse...

uma vez li em algum lugar que a cerveja eh um lubrificante social...

Beren disse...

Eram os Celtas!

Bruno Machado disse...

Celtics. (L)
Bela melancia.

Daniela Kopsch disse...

lúpulo

Daniela Kopsch disse...

EDITEI, EDITEI.